Aos 17 ou 18 anos de idade, nem sempre é fácil saber o que queremos na vida. É por isso que a orientação vocacional ajuda a dar um empurrãozinho naqueles que estão indecisos sobre que carreira seguir. A psicóloga Sônia Lucia Passos atende adolescentes com dúvidas sobre o futuro profissional. Em muitos casos, os jovens são pressionados a seguir a carreira dos pais ou administrar os negócios da família.
“É importante que o adolescente escolha algo que ele goste, não apenas o que a família deseja. A criança deve crescer com liberdade para decidir. Os testes vocacionais ajudam a identificar as habilidades específicas e o potencial para determinada área. Às vezes a pessoa tem interesse por uma profissão, mas não tem aptidão”, explica a psicóloga.
Mesmo quem opta pelo curso técnico pode procurar ajuda profissional, pois os testes psicológicos voltados para a área vocacional não fazem distinção de idade ou escolaridade, explica o professor Pedro Paulo Bicalho, chefe do Departamento de Psicometria do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Os testes fazem a articulação entre interesses e campos profissionais e, deste modo, podem ser utilizados tanto por candidatos ao ensino universitário quanto para quem escolher o Ensino Médio profissionalizante. É importante ressaltar que o trabalho psicológico no campo vocacional não utiliza somente testes, mas também outros instrumentos e dispositivos que auxiliam na condução do trabalho, como dinâmicas de grupo, por exemplo”, destaca o especialista.
A partir do trabalho realizado no pré-vestibular comunitário do Caju, no Rio, Pedro Paulo criou em 2006 o projeto “Construindo um processo de escolhas mesmo quando ‘escolher’ não é um verbo disponível”, buscando problematizar os modelos de orientação vocacional tradicionais e o próprio conceito de vocação. Por meio de encontros, os participantes trabalham o autoconhecimento e aprendem a fazer escolhas com mais segurança.
A questão profissional é utilizada como disparador para pensar os processos de escolha não só referentes à profissão, mas também a outros âmbitos da vida. O objetivo do trabalho não se resume em afirmar a profissão adequada para cada um dos sujeitos ou em elencar aptidões. Ao longo desses encontros são realizadas atividades como dinâmicas, leituras, produções de textos, músicas, discussões, entre outras. Tais atividades transformam as experiências trazidas pelos sujeitos em fonte de questionamento, provocando afetações e possibilitando a construção de novas formas de ver, pensar e sentir o mundo”, diz o professor.
Atualmente o projeto funciona na Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ, no Colégio Pedro II (unidade de Niterói) e em três comunidades do Complexo da Maré. Novos grupos são iniciados em março e agosto. Mais informações na Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ.